Jana P. Bianchi conta detalhes de seu livro, “Lobo de Rua”

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“Essa é uma novela sobre homens, lobos e luas.”, esse é o início da sinopse de Lobo de Rua, livro de Jana P. Bianchi, publicado pela editora Dame Blanche.

 

Contando a história de Raul, um morador de rua que acaba contraindo a maldição da licantropia, o livro apresenta uma São Paulo onde reside diversas criaturas noturnas.

 

Para dar mais detalhes sobre a criação do livro e ainda revelar se haverá uma continuação, conversamos com a autora.

 

Como surgiu Lobo de Rua?

 

Lobo de Rua surgiu como uma amostra do universo de fantasia urbana que eu estava começando a criar. Eu tinha acabado de entrar em um grupo de discussão do Facebook, o Clube de Autores de Fantasia, e um dia alguém propôs que cada um de nós escrevesse um conto ou novela que pudesse apresentar nosso projeto principal para os outros membros do grupo. Resolvi contar a história de alguém se descobrindo lobisomem, e voltando do trabalho em uma tarde qualquer pensei em Raul, um menino de rua recém-contaminado. Passei alguns dias pensando nas características dos lobisomens do meu universo e, em um fim de semana inspirado, escrevi a primeira versão da história. A novela ficou alguns meses publicada gratuitamente e aí uma amiga escritora me deu a ideia de colocar um e-book à venda na Amazon. Depois de mais alguns meses, resolvi tratar o texto — contratei um leitor crítico, um revisor e depois uma diagramadora e um capista — e mandei imprimir uma pequena edição física independente. Mais algum tempo depois, submeti a história ao processo de pitching da Editora Dame Blanche, que comprou os direitos de publicação, tratou o texto de novo e fez uma nova capa. Foi assim que, em pouco mais de um ano, uma brincadeira entre amigos virou um livro publicado de modo tradicional por uma editora.

 

Quais foram suas inspirações para escrever sobre lobisomens?

 

O lobisomem sempre foi meu mito tradicional preferido. Gosto muito das simbologias associadas, em especial a ideia de que o lobisomem é alguém que é controlado por algo maior e inevitável, se transforma em fera, faz coisas que não gostaria de fazer e depois precisa lidar com a culpa. Eu gosto dessa imagem mais violenta e crua do lobisomem, mas por alguma razão ela é pouco explorada na literatura e no cinema (um pouco mais no cinema do que na literatura). Então, quando surgiu a ideia do texto para o Clube de Autores de Fantasia, resolvi que abordaria essa figura como tema central da história. A obra que mais me inspirou em termos de atmosfera e abordagem do mito foi O Último Lobisomem, do Glen Duncan. Eu também gosto muito do filme O Lobisomem, aquele com o Benício del Toro.

 

“Passei alguns dias pensando nas características dos lobisomens do meu universo e, em um fim de semana inspirado, escrevi a primeira versão da história.”

 

 

Como foi a escolha de ambientar o livro em SP?

 

Eu acho que a maior força da fantasia urbana está em usar o ordinário como base para que o fantástico cause ainda mais maravilhamento. É muito instigante a ideia de que algo sobrenatural poder estar acontecendo em lugares pelos quais passamos todos os dias, cenários que costumamos frequentar. A fantasia urbana que se passa em outros países tem seu apelo sobre leitores brasileiros, claro, mas eu, como leitora, amo ler histórias fantásticas que se passam no nosso país. Por isso, quando comecei a criar meu universo — antes mesmo de escrever Lobo de Rua — nem pensei em ambientá-lo em outro país. A escolha por São Paulo, especificamente, tem um motivo simples: eu moro no interior do estado, mas tenho família na capital e sempre frequentei a cidade. O fato de São Paulo ser uma cidade gigante faz com que basicamente tudo seja possível, que é uma característica muito útil para um cenário onde coisas fantásticas acontecem.

 

O livro terá continuação?

 

Não penso em nenhuma continuação direta para Lobo de Rua, mas tenho a intenção de escrever um livro sobre o passado de Tito (um lobisomem mais antigo que ensina para Raul sobre a maldição). Eu já tenho outra noveleta publicada na Amazon com a participação de Tito e outros lobisomens — Sombras, uma história que se passa no interior de Minas Gerais — e estou trabalhando em um romance que se passa no mesmo universo de Lobo de Rua e que também faz alguma referência aos lobisomens da novela.

 

O livro primeiramente publicado de forma independente e agora pela Editora Dame Blanche. Houve alguma mudança quanto ao texto da primeira versão para esta?

 

Houve sim! Eu e minhas editoras achamos que — apesar de seus probleminhas — a história não deveria ser modificada, mas que o texto merecia um novo tratamento. Então a gente fez um novo copidesque e uma nova revisão do texto inteiro. Além disso, eu quis fazer algo diferente para essa nova edição e, além de escrever um novo começo, escrevi também pequenos trechos de um livro fictício sobre lobisomens, que abrem cada capítulo. Nas versões independentes, esses trechos iniciais não existiam. Mas de resto, as edições são muito similares.

 

Capa da edição independente

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