Resenha: ‘Querubins – A Rebelião da Luz’, de Martha Ricas

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Nem toda batalha é visível. A interior pode ser tanto, ou mais, letal e perigosa que qualquer uma. Martha Ricas em seu livro “A Rebelião da Luz” , o terceiro da saga Querubins, deixa isso bem claro.

 

 

Assim como realizou em suas duas outras obras, a história do livro é dividida entre a perspectiva de dois personagens, Salatiel, o último do trio de querubins protagonistas, e Hana Toshida, cuja narrativa é ambientada no Japão contemporâneo.

SALATIEL

 

Salatiel é o mais humano dos três anjos querubins e aparece como um meio termo entre Chaya e Ashira, que, ao começo de seus

livros, transparecem uma personalidade mais extrema. Sal é ambíguo, confuso muitas vezes. É o guerreiro e o intelectual. O corpo e a mente. A ação e o pensamento. E é exatamente este motivo que leva a Lúcifer se interessar pelo querubim. Além de suas habilidades em batalha, Sal possui um intelecto avançado. E essa dualidade aparece como um exemplo de que até mesmo seres que foram criados a servir a um só propósito, ainda assim podem ter escolhas.

 

Mais que estar pronto para realizar as escolhas que fará no futuro, confrontar as realizadas no passado se mostra extremamente mais complicado, já que elas você não poderá mudar. E são as escolhas feitas tanto por Hana  quanto por Salatiel que conduzem toda a história, elas e, principalmente, as consequências que vêm delas.

 

Sal assume uma missão muito difícil. Ele se revela a uma humana, se abre e permite que ela contemple o seu passado e reveja seus atos desde a sua criação. Deleite maior aos já fãs da saga, que sempre desejaram saber como a amizade entre os três querubins começou. A jovem acompanha ainda a participação de Sal na maior batalha que o céu já viu, a rebelião de Lúcifer. Forçado a ser treinado pelo sombrio mestre, Salatiel acaba tendo de lidar com as opções que lhe são apresentadas.

 

HANA

 

Tendo de encarar a pressão da sociedade e, principalmente, dos pais, toda a vida de Hana foi repleta de momentos difíceis. Se sentindo solitária, a jovem que por conta de tantas adversidades acaba criando distúrbios psicológicos, desiste de viver. Em contrapartida de assistir ao passado de Salatiel, Hana tem de confrontar o seu passado, por mais difícil que isso seja.

 

O gatilho que se apresenta ao início do livro, indicando a presença de cenas fortes não é em vão. Muitas vezes as passagens são inquietantes, brutais e perturbadoras, apesar do trato da autora à temas delicados ser sensível e de bom gosto. Ainda que seja um livro de fantasia, essas passagens são muito realistas em temas próximos a muitos e com isso podem chocar. Mas se fazem necessárias para contextualizar a vida da personagem.

 

A REBELIÃO DA LUZ

 

A narrativa é fluída, mesmo com a troca de perspectiva dos personagens e mesclando o tempo atual com diversos flashbacks. Assim como realizou em seus outros livros, o entendimento do contexto e utilização do pano de fundo em que se passa a história, neste caso o Japão, é muito bem pensado. Hana se isola da sociedade, vivendo apenas em seu apartamento. Esse tipo de comportamento atualmente é um grave problema de saúde pública japonesa recebendo até termo próprio, Hikikomori, que significa literalmente isolado em casa. Assim como retratado, isto ocorre por conta do alto grau de exigência de perfeição exigido tanto em tarefas domésticas, quanto no trabalho.

 

A narração em primeira pessoa compromete a visão de algumas cenas, principalmente as de ação, limitando o campo de visão. Contudo, a questão é que, assim como mencionado acima, o mais importante não são os combates físicos, e sim a luta que está dentro da cabeça dos personagens.

 

O epílogo deixará afoito principalmente àqueles que já estão encantados pela saga e tenham lido os demais livros.  Mas mesmo aqueles cujo primeiro contato seja pela A Rebelião da Luz ficará curioso ao que virá a seguir.

 

A edição da Editora Pendragon está linda. A qualidade do material e principalmente a edição do livro são um dos pontos positivos da obra. O livro possui algumas ilustrações para marcação de início de capitulo e mudança de passagem ainda que acrescentam beleza à excelência do texto.

 

 


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