Resenha: HQ “Mulherhomem”, de Hector Lima

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Mulherhomem pode causar estranheza a princípio, e ao final também, mais isso não é algo ruim. Em uma edição primorosa, e com um time incrível por trás da HQ, com Hector Lima no roteiro, Anderson Nascimento nos desenhos, Pri Wii nos tons de cinza e Pablo Casado no letreiramento, “A História Inserta”, primeira aventura da/o super heroína/herói chega de forma despretensiosa, introduzindo personagens que tem o essencial para se destacar entre os quadrinho autorais lançados este ano – o que não foram poucos! – A Originalidade.

 

Revelar muito da história seria quase pecado, pois, o ponto crucial dela é exatamente surpreender a cada página. Mas podemos explicar minimamente. Pode-se dizer que a HQ tem três linhas históricas diversas, a dos cientistas Marcus e Monica, que se transformam no alter ego, Mulherhomem, uma super-heroína intersexual, a do roteirista que se encontra no meio de um momento complicado, e a do leitor – isso mesmo! – que apresenta um papel muito interessante. Todas elas se mesclam e coexistem e é nessas “amarrações” que a trama apresenta sua base.

 

Mulherhomem representa realmente o melhor dos dois mundos, sendo a junção de um casal de cientistas inteligentes e festeiros. A questão da intersexualidade não tem profundidade, e claramente não tem como objetivo apresentar um contexto social. Esse tópico é retratado como um olhar sob o melhor das características dos dois sexos, e no caso de seu lado feminino, a sensualidade é uma delas, o que promove boas risadas (foco nos nomes dos poderes).

 

A ambientação desta parte da trama é marcante e faz o leitor sofrer de nostalgia por uma década que talvez não tenha nem vivido, e isto sem ser explanativo, nos detalhes consegue-se está referência. A moda utilizada, as gírias, comportamentos sociais, tudo está lá e te “guia sem placas de sinalização”.

 

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Os vilões da história, manifestados tanto na linha de Mulherhomem quanto do roteirista, são geniais. Retratados de formas distintas em ambas as linhas, a associação que podemos fazer com transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, é palpável. Ao invés de tirar a vida, tirar o prazer por ela, é de uma profundidade gigantesca, porém, de forma perspicaz, retratada de forma branda.

 

O leitor pode se divertir com tiradas sagazes, pode procurar referências, fazer ligações entre os personagens – para discutir teorias é só me contatar- , mas tenho absoluta certeza que apenas o Hector sabe o que vem a seguir, e isso é motivo mais que suficiente para esperar a continuação dessa intrigante aventura.

 

 

Extras

A HQ apresenta ainda um estudo dos personagens, breve biografias da equipe, e uma galeria com cenas da próxima edição.

 

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