Resenha: “Ouro, Fogo & Megabytes”, de Felipe Castilho

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Não se engane pela capa,  que pelas ilustrações levam alguns leitores a crer se tratar de uma história bem infantil. É claro que qualquer criança que tenha uma bom gosto para aventuras irá amar, mas aquele clichêzinho “programa para toda a família” se encaixa bem nesta primeira obra da saga de fantasia urbana“O Legado Folclórico” de Felipe Castilho.

 

Já em sua terceira edição, “Ouro, Fogo & Megabytes”, apresenta o começo da jornada de Anderson Coelho, que se vê em meio a uma grande aventura em São Paulo.  O garoto, de apenas 12 anos, é o segundo colocado do ranking mundial de Battle Of Asgorath, jogo de RPG online, e é exatamente através do jogo que é procurado por uma organização que se chama… Organização(!), um grupo de ecoativistas nada comuns que o escolhem para uma importante missão.

 

Como a narrativa ocorre no mundo normal e no virtual, o autor optou por diferenciá-las através da forma como o texto é apresentado. Outro ponto interessante ainda é a ilustração em cada início de capítulo, que não são longos, apresentando dicas do que virá.

 

Toda a aventura se apresenta com forma a instigar o leitor a desvendar os mistérios que aparecem , sendo os primeiros, a origem dos personagens que são apresentados. Se estava acostumado aos seres folclóricos do Sítio do Pica-Pau Amarelo, os de Felipe Castilho possuem originalidade sendo reconhecidos por alguns traços e características propagadas pelo imaginário popular.

 

ouro

 

Os valores da Organização são mostrados gradativamente e de forma coesa, fazendo, assim, com que o tema “preservação do meio ambiente” não beire a pieguice da forma como muitas vezes é retratado, uma “lição de moral” sem fim. Mesmo que alguns trechos explicativos sejam longos, o que diminui o ritmo da cena, o  andamento da história em si,  porém,  não é comprometido. Aos poucos o garoto vai enxergando o mundo de uma forma diferente, e é perceptível o crescimento do personagem no decorrer da trama.

 

A diversidade das características dos personagens representa muito bem a miscigenação do Brasil. A contextualização da história é também muito bem construída. Sendo paulistano, o autor retrata ruas e avenidas com precisão simétrica. Assim como o escritor Sidney Sheldon fazia, só escrevia sobre lugares que havia visitado, é exatamente essa sensação que temos ao observar a descrição de São Paulo pelo texto de Castilho.

 

Sem dúvidas, o humor, muitas vezes  irônico e debochado, combina com a narrativa e a personalidade do personagem principal e este é utilizado durante toda a obra, fazendo diversas piadas e referências à cultura pop atual despertarem risadas.  Em suma, “O Legado Folclórico” começa com uma aventura surpreendente, e este é apenas o início, mais três obras descrevem a jornada de Anderson Coelho e a promessa é de que coisas incríveis estão por vir.

 


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