HQ “Dobras e Espumas” aborda temas delicados de forma poética

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“São pequenas reflexões, desabafos, dobras de pensamentos quotidianos que se desfazem em espumas ao longo da vida”, é essa a definição da ilustradora Samantha Ranny para os quadrinhos “Dobras e Espumas” , . Publicados em sua página do Facebook, Erva de Gata, o projeto surgiu da vontade de se expressar e compartilhar sentimentos e percepções da artista, acumulados do dia-a-dia. O resultado são histórias curtas que utilizam de metáforas para falar e levar a reflexão sobre assuntos delicados, como relacionamentos abusivos e aceitação do próprio corpo, além de evidenciar a importância do empoderamento feminino.

 

Em entrevista exclusiva, Samantha falou um pouco sobre as inspirações para suas criações e ainda revelou estar surpresa com o retorno do público. “Em geral as pessoas gostam bastante e compartilham as páginas que mais se identificam. São como trocas afetivas sutis. Apesar de estar começando, o quadrinho tem crescido de forma considerável.”

 

Confira a entrevista:

 

De onde vêm a inspiração para a criação dessas histórias?

 

As inspirações vem basicamente de coisas que eu escrevo sobre mim ou sobre coisas que me atingem de alguma forma. Textos que leio, coisas que vivencio ou que vejo pessoas vivenciando. Vem de angústias, solidão, opressões e medos. As histórias (Que estão mais para reflexões) são sobre pensamentos e sentimentos quotidianos que nos atingem todos os dias, mas que acabam por se desfazerem ao longo da vida e são abafados pelas coisas práticas que precisamos priorizar para sobreviver. Precisamos trabalhar, sorrir, estudar, namorar, socializar, pagar as contas, prosperar na vida e acabamos abafando certas percepções que temos do mundo que vivemos ou de coisas que dizem respeito a quem somos e como nos sentimos com tudo isso. Como nosso sentimento de solidão mesmo cercados de pessoas, as lutas que travamos para nos libertarmos de opressões, relacionamentos sufocantes e abusivos, nossos problemas com o corpo, nossas paixões repentinas e nunca consumadas, nossos medos de nos envolvermos com coisas que consideramos maiores do que nós. São aquelas ansiedades e angústias que vem e voltam todos os dias. Eu normalmente estou sempre escrevendo essas percepções em um caderno, porque não gosto de esquecer como me sinto diante da vida… Com o tempo senti necessidade de compartilhar alguns desses pensamentos, aí o “Dobras e Espumas” surgiu. Então eu escrevo, escrevo, aforismos, poesias, frases soltas… Ao final da semana tem um conteúdo acumulado de pensamentos, aí eu escolho sobre o que quero desenhar e monto a página. São quadrinhos bastante catárticos.

 

 Através de metáforas são abordados diversos assuntos, delicados, como aceitação do próprio corpo e relacionamentos abusivos, buscando a reflexão sobre tais temas. Como está sendo o retorno do público?

 

Olha, eu fiquei de fato surpresa com a recepção. Achava que ia ser algo muito intimista e que não conseguiria comunicar. Meio porque a linguagem é muito poética, muito metafórica, não digo nada dizendo literalmente, mas de modo que expresse mais ou menos o sentimento que esses assuntos transbordam. E também porque os temas são delicados mesmo, sobre coisas que normalmente sentimos mas tentamos esconder. O primeiro quadrinho, por exemplo, é muito pessoal, sobre autoaceitação do corpo, autoestima. Foi quando decidi que eu ia parar de lutar contra quem eu sou, tanto fisicamente quando psicologicamente. Aceitar e amar cada parte do seu corpo, sobretudo quando você passou a vida inteira se odiando, requereria pra mim me desculpar com cada pedaço de mim que eu fiz sofrer enquanto tentava ser alguém que eu não era. Foi forte, eu me escondia muito, então eu queria dizer que a partir desse momento eu fazia as pazes comigo e isso me deu forças pra me comunicar. Ele teve uma recepção muito boa e até hoje é o quadrinho mais compartilhado da página! Isso me surpreendeu e me deixou muito feliz. Espero que cada pessoa que tenha compartilhado tenha feito também as pazes consigo mesma e seguido em frente de cabeça erguida. Em geral as pessoas gostam bastante e compartilham as páginas que mais se identificam. São como trocas afetivas sutis. Apesar de estar começando, o quadrinho tem crescido de forma considerável.

 

 Uma história é publicada por semana no Facebook. Tem algum plano de fazer a compilação de todas em uma versão impressa?

 

Tenho sim. Eu tenho uma meta de 30 páginas pra fechar uma primeira compilação. E assim adiante. Minha vontade é terminar esse semestre com um primeiro volume dele terminado. Agora é torcer. (Risos) Mas pra quem quiser ler online, eu recentemente criei um Medium pra postar a HQ também podem acompanhar o álbum da página do Facebook.
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