Resenha : Suspense em meio à periferia de São Paulo, “O Matador”

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O livro o “Matador”, de Patrícia Melo narra a história do jovem Maiquel, 22 anos, morador de uma periferia de São Paulo. Vivia sob o signo de  uma vida simples e carregada de lutas, porém ele ambicionava mais.

 

Perspicácia ácida comanda o texto em primeira pessoa, no qual mostra as fragilidades e distinção entre dois mundos opostos, a periferia e as áreas nobres da capital Paulista, a riqueza e a pobreza.

 

O relativo pessimismo é a linha tênue que demarca o quanto o homem pode viver sob a obscuridade que assola o mundo. O Protagonista percebe essa dualidade da vida e a crueldade com que certas ações ditam seu destino e vai sobrevivendo dentro dos limites próprios até não poder mais e se entregar. Com uma descrição esfuziante e linguagem coloquial o livro se transpõe como se fosse um filme  em que cada cena apresenta uma nova ação articulada que instiga o leitor/telespectador, mostrando sempre reflexões sobre a essência do homem e seus desígnios.

 

Maiquel passou a se completar através de roupas de grife, extravagâncias que reconhecia nos outros e queria pra si e assim seguiu seu caminho alimentando sentimentos corrosivos e passou a julgar no tribunal de seus algozes os réus que lhe eram postos como metas a cumprir por seus novos chefes.

 

Questionamentos evocavam pensamentos no jovem. Será esse o caminho correto a ser tomado? Será válido se corromper em nome de interesses alheios ? Uma atmosfera densa o fez chegar numa resposta. Cada um constrói sua própria história e destino com suas dores e alegrias. E quando o remorso já não existe e acaba se desaparecendo. Matar e matar se torna um meio pífio de amenizar o aperto no peito caracterizado por um coração retalhado pela dor e calejado pela tortura interna na qual se envolveu.

 

A vida de Maiquel lembra um pouco Capitães de Areia, de Jorge Amado. Os meninos do reconcavo baiano abandonados a própria sorte, lutando incessantemente  pela sobrevivência em meio a invisibilidade que representam, diferente do jovem paulista que atendia ordens e perspectivas alheias as suas.

 

A ignomínia suprema engloba a ganância, inveja, desprezo, preconceito, desonestidade, culminando no ódio que domina o ser levando a total anulação objetivado pelo desejo de desforra a todo custo e ao final de sua trajetória, Maiquel se vê castigado por estar preso aos seus próprios crimes e medos que o atormentavam indefinidamente. Não há como escapar a consciência que habita dentro de nós.

 

Gosta de suspense com pitadas de ironia e sarcasmos que evidenciam o controverso lado pessimista e obscuro que envolve o ser humano não deixe de observar cada página emblemática de “O Matador”.


#Livro   ; ; ; ; ; ;


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