Criado por Francylene Silva - 27 de novembro de 2015 às 14:52
Eles são casados e ainda parceiros profissionais. A roteirista Lica de Souza e o quadrinista Flávio Luiz e lançaram juntos a coletânea “3 Histórias de Terror e Uma Nem Tanto”, como forma de homenagear as publicações do anos 1970 e 1980 como a saudosas revistas Kripta e Calafrio.
Diversos elementos característicos destes quadrinhos clássicos podem ser encontrados nas histórias, que como o próprio título revela, são quatro, sendo três publicadas anteriormente em HQs independentes – “Inocentes” (Imaginários 2), “A Velha Mina” (Máquina Zero 1) e “O Último Cigarro” (Fronteira Livre 1) – e uma inédita – “Banquete”.
Flávio é o premiado autor de “Aú”, “O Capoeirista e o Fantasma do Farol” e “O Cabra” . Já Lica tem uma longa carreira na publicidade. Eles concederam uma entrevista exclusiva ao Mais QI Nerds, onde falaram sobre como surgiu a ideia da coletânea e ainda sobre seus projetos para 2016.
A HQ reúne quatro histórias, três que haviam sido publicadas anteriormente e uma inédita. Como surgiu a ideia de agrupá-las em uma coletânea de terror?
Flávio – Nós tínhamos essas histórias dispersas em colaborações outras e a história inédita estava disponível para uma publicação que não saiu já tinha mais de quatro anos.
Lica – Eu, como editora, achei que devíamos fazer uma publicação juntando tudo. E Flávio adorou a idéia.
Quais foram as inspirações para a criação das histórias?
Lica – Por incrível que pareça a inédita O Banquete foi a primeira. Flávio tinha recebido um convite pra escrever uma história de terror e falou comigo que estava sem idéia. Eu disse: eu tenho uma idéia. Ele deixou a bola comigo e a história veio super fácil. Sempre adorei casas antigas abandonadas.
Inocentes foi uma história que me perseguiu por muito tempo. Há anos atrás eu tinha lido sobre uma mãe que tinha afogado seus bebês. Isso não saiu de minha cabeça. Que nível de loucura pode levar uma mulher a matar sua cria? E depois? Como ela fica? É uma história sobre um terror totalmente interno.
O último cigarro, a “nem tanto terror assim”, surgiu da idéia de um diálogo que me passou pela cabeça. Como seria se pudéssemos conversar com a gente mesmo em tempos de vida diferentes? O que nos diríamos? Pensando nisso, coloquei umas pitadas de filosofia e a história saiu.
Flávio – A última mina surgiu do meu interesse pela cultura indígena norte-americana. E por lobos. Adoro lobos. Em relação ao lado estético me inspirei nos clássicos da EC Comics, a começar pela capa.
Como foi trabalhar juntos?
Lica – Flávio sempre foi um grande incentivador para eu escrever o que fosse. Ele acha que eu tenho jeito. Rs Já trabalhamos muito junto com as publicações dele e para publicidade. Foi muito tranquilo porque confiamos no trabalho um do outro.
Flávio – Sou suspeito pra falar. Adoro tudo o que Lica faz.
Vocês já tem em mente quais serão os próximos projetos?
Lica – Sim. Acabamos de passar no PROAC de Histórias em Quadrinhos 2015 (Edital do Governo do Estado de São Paulo de Incentivo a Cultura). Teremos um livro em quadrinhos para dar conta ano que vem. De novo roteiro meu e desenhos dele.
Flávio – E eu Além do PROAC, quem sabe, lance algum novo número de algum dos meus títulos, Jayne, Aú, O Cabra, Rota 66…
Em 2000, você (Flávio) ganhou o Troféu HQ Mix como melhor publicação independente com Jayne Mastodonte Adventures. O que tal reconhecimento trouxe para você?
Flávio – Sim, e depois disso ganhei em o HQMIX 2011 com O Cabra, melhor publicação independente de autor, e esse ano com Aú o capoeirista e o fantasma do farol, melhor publicação infanto-juvenil. Ganhei visibilidade e incentivo para continuar apostando em meus personagens. Eu me considero mais um criador de personagens do que um contador de histórias, e quase todos eles já ganharam o HQMIX.
Como vocês analisam o atual cenário dos quadrinhos nacionais?
Flávio – Nunca esteve tão bom. Com o advento da internet e as várias modalidades de auto-publicação, além de diversas novas editoras, tem para todos os gostos.
Lica – Tem muita coisa acontecendo mesmo. Eu não acompanho tanto quanto Flávio. Não gosto de tudo que vejo. Mas vejo a grande diversidade de estilos como um movimento interessante.
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