Criado por Francylene Silva - 13 de novembro de 2015 às 15:31
Antes mesmo de aprender a ler, Daniel Bacellar já tinha interesse em quadrinhos. E desde pequeno soube que seu futuro seria desenhando HQs. Passou pelos fanzines, trabalhos com desenhos animados, ilustrações de livros e, é claro os quadrinhos.
Esse ano o terceiro volume de Insólitas Aventuras será lançado e a mente do quadrinhista já está a todo vapor pensando nos próximos projetos. Para relembrar sua trajetória, contar mais sobre o sucesso de Insólitas Aventuras e o que vem por aí, Daniel concedeu uma entrevista exclusiva ao Mais QI Nerds. Confira:
Como foi seu Início no mundo dos Quadrinhos?
Antes de aprender a ler, eu já gostava dos quadrinhos. Eu lia as imagens antes de entender o texto. Cresci apaixonado pelo material da Marvel (e depois da DC) publicado pela editora Abril. Depois comecei a me interessar por coisas mais antigas que saiam em tiras diárias de Jornal (Flash Gordon, Fantasma, The Spirit, etc). Comecei a desenhar quadrinhos por volta dos 12 anos, na escola. Aconteceu um fato nessa época que me marcou profundamente. Desenhei uma HQ escrita em inglês que saiu no jornal do curso. Minha mãe me levou a Bienal de Quadrinhos do Rio, pois eu queria ver Will Eisner. Lembro que lhe entreguei aquele exemplar do jornal com a minha HQ: The Challenger, ele olhou e disse: “beautiful”. Deu pra mim um autógrafo no seu livro: Quadrinhos e Arte Seqüencial. De repente eu sabia que mesmo que não ganhasse muito, eu iria desenhar quadrinhos o resto da minha vida.
Qual foi sua primeira HQ?
Fiz muito fanzine, mas meu primeiro trabalho impresso foi a tira O Faixa Preta (para o jornal de mesmo nome). Ilustrei o livro A Aventura Urbana de Sônia Rabello de Castro e depois fui trabalhar com desenhos animados: Bárbara de Marcelo Lima para o Sexy Hot e o premiado Vai dar Samba de Humberto Avellar.
Como surgiu a Idéia de Insólitas Aventuras?
A idéia de Insólitas Aventuras surgiu na Rio Comicon 2010. Fui ao evento com Guilherme de Sousa e prometemos a nós mesmos que estaríamos no ano seguinte, vendendo e autografando o nosso quadrinho. Nós gostamos de filmes antigos e ficção científica, então as histórias deveriam se parecer com seriados. Tem um pouco dos contos da literatura Pulp. Cada história pode ser compreendida sem precisar de continuação. Os personagens, os espaços, os conflitos deveriam ser logo reconhecidos. A heroína da HQ, a astronauta Black Power: J. Jupiter é inspirada na musa dos anos 70: Pam Grier. O enredo lembra Alien, você pode até achar manjado (pouca gente sabe é que Alien se baseou em um filme de ficção científica italiano de Mario Bala da década de 60). Pode parecer que é clichê, mas as histórias sempre lembram outras histórias.
A HQ é definida como uma temática visando “homenagear e remeter aos quadrinhos antigos de gênero e a literatura Pulp”. Como surgiu tal proposta?
O que a gente gosta geralmente aparece no nosso trabalho. O gênero de aventura surgido na era de ouro dos quadrinhos tem grande influência da literatura Pulp (livros de bolso impresso com papel barato). Gêneros como a aventura na selva, ficção científica, policial, terror, etc. eram temas comuns nos Pulps como Doc Savage e The Shadow. Se você tem os cenários e o arquétipo dos personagens, as possibilidades são infinitas. Uso nanquim, pincel e caneta. Gosto de empregar retículas como nas tiras de jornal. Particularmente quero meu desenho soando como se tivesse sido feito décadas atrás. Acredito que quando usamos estes elementos nas histórias, usamos a mesma energia.
Quantas edições tem? O que planeja para o futuro da HQ?
A revista está atualmente no nº2, Com a HQ: Contos de Guerra (War Tales). É uma aventura que se passa pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Tem “uma heroína Insólita, um gênio do mal, soldados nazistas, gorilas zumbis enfurecidos… e muito mais.” O nº3 e o nº4 já estão prontos, mas falta dar uma afinada e é provavelmente a melhor coisa que eu já fiz. É surpresa! A menos que aconteça alguma coisa muita séria comigo, vou continuar desenhando Insólitas Aventuras e participando de eventos e publicações com a Korja dos Quadrinhos.
Qual será seu próximo trabalho?
Estou trabalhando na finalização de Insólitas Aventuras nº3 para ser lançado no fim do ano, na Comic Com Experience (CCEX) em São Paulo.
O que acha do momento atual do mercado nacional de quadrinhos?
Eu acho que o problema para o jovem artista é a distribuição. As editoras publicam material estrangeiro, mesmo que seja ruim e deixam de lado bom material daqui. Daí a força do quadrinho autoral. Você tem que escrever, desenhar, diagramar, imprimir, divulgar e vender. Quando você faz quadrinhos independentes, você acaba aceitando isso. Não vale a pena ficar chorando na pista, o tempo que você leva se lamentando é o tempo que você pode estar fazendo alguma coisa. Nós temos que continuar, seguindo nossos sonhos.
Insólitas Aventuras está disponível para compra no site da Korja dos Quadrinhos (www.korja.com.br) e nos eventos com a participação.
#Quadrinhos brasileiros; Daniel Bacellar; entrevitta; Guilherme de Sousa; Korja dos Quadirnhos; Nacionais; pulp fiction; quadrinhos; The Challenger; Vai das Samba; “Insólitas aventuras”
Acesse a página Colabore e saiba como. Esperamos você!