Resenha: “O Universo Paralelo dos Zines”, de Márcio Sno

O principal receio pré leitura que me acometeu foi de o livro, sendo de uma temática na qual sou leiga, zines, pudesse ser do tipo cujas referências em nada me acrescentariam por falta de conhecimento prévio sobre o assunto. Mas o que Márcio Sno criou foi um livro que tanto quem já conhece esse universo até os que, assim como eu, estão sendo introduzidos a ele recentemente pudessem desvendá-lo com facilidade. Tanto a narrativa quanto a divisão dos capítulos foram pensadas para tal.

Aos poucos os leitores são levados a primeiramente conhecer o que são zines, suas características e definições, e quando a história das publicações começa a ser contada, já estão familiarizados com os termos, facilitados pelo dicionário do zine escrito pelo autor logo após a introdução.

Mesmo o escritor não destrinchando todos os detalhes da história dos zines, como parecem ser muitos e que exigiria um livro bem maior que as 119 páginas das quais “O Universos Paralelo dos Zines” é constituído, ele introduz boas referências para os que desejam aprofundar tal conhecimento e ainda reserva um capítulo inteiro para os que, motivados pela leitura, queiram começar a produzir tais publicações.

A narrativa em primeira pessoa é fluída, semelhante a uma conversa com um amigo que conhece muito sobre um assunto e que sempre tem o que falar sobre ele. O livro, que apresenta diversas ilustrações, levanta questionamentos quanto as transformações ocasionadas pelo avanço da internet e ainda sobre o papel das publicações hoje em dia.

Márcio Sno a todo o momento instiga ao pensamento crítico e a reprodução de ideias e demonstra que este universo é acolhedor, por conta de tantos relatos de relações construídas por conta do interesse em comum, apesar da distância. São diversas histórias, diversos personagens e relatos que nos situam da importância dos zines, principalmente em movimentos artísticos e sociais da década de 90.

O depoimento de Elydio dos Santos Neto, escolhido por Sno para ilustrar a contracapa do livro demonstra bem isso: “Enquanto houver rebeldia, transgressão, vontade de mudança, vontade de transformação,vai ter fanzineiro no mundo”.