Márcio Sno fala sobre o livro “O Universo Paralelo dos Zines”

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O jornalista, pesquisador e fanzineiro Márcio Sno decidiu compartilhar sua longa experiência com zines, publicações amadoras produzidas por fãs ou aficionados por alguma arte ou hobby, tranSformando-as no livro “O Universo Paralelo dos Zines”, fruto de uma pesquisa de oito anos. Lançado este ano pela Editora Timozino, o livro retrata  o mundo dos zines em detalhes.

 

Em entrevista exclusiva, o autor contou sobre como surgiu a ideia de escrever o livro, além de descrever seu início como fanzineiro e comentar sobre a série documental  que dirigiu sobre o tema, “Fanzineiros do Século Passado”.

 

Márcio Sno deixou ainda um recado para aqueles que queiram adentrar esse amplo universo: “Quem opta em ler zines, está interessado em sair do lugar comum, de conhecer coisas novas e ir muito além do que o mundo virtual e os veículos de comunicação em massa oferecem. Logo, quem lê zines é pessoa privilegiada, pois, além de ler algo diferente, ganha de brinde toda uma rede de pessoas que podem, em muito, acrescentar em suas vidas. E o mais incrível: você poderá até fazer o seu próprio zine! Tornando-se, além de leitor, um produtor! Veja as vantagens!”

 

 

Confira a entrevista:

 

MAIS QI NERDS – Como começou seu interesse por zines?

 

Márcio Sno – Começou em 1993, quando eu estava me aventurando pelo universo das bandas independentes e descobri que os zines eram os principais veículos de divulgação dessas bandas. Quando tive contato com um resolvi, imediatamente, a começar a fazer o meu! Daí segui no meio dos zines em várias frentes: editando, desenhando, colaborando para outros zines, passei a dar oficinas e pesquisar sobre o assunto.

 

Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre zines?

 

Surgiu em 2007. Dois anos antes, fui convidado para dar uma oficina de zines no SESC Barra Mansa e, como estava um bom tempo sem editar, precisava me atualizar e oferecer um conteúdo teórico para o pessoal que participaria da oficina, criei a cartilha “Fanzines de Papel”, baseada em alguns textos, entrevistas com zineiros e pela experiência própria. Gostei do resultado e ampliei a pesquisa que resultou na segunda edição dessa cartilha de 2007. Meu objetivo havia ampliado e passei a buscar material de todos os cantos do mundo, uma vez que temos poucas publicações brasileiras sobre o assunto. Aprendi um pouco de inglês, espanhol para ampliar as pesquisas, o que foi um investimento perfeito para minhas pesquisas. Eu queria lançar um livro sobre zines e fiquei meio bitolado, buscando mais e mais fontes que falassem sobre o tema. Nesse meio-tempo, lancei três capítulos do documentário Fanzineiros do Século Passado e, enfim, em 2013, terminei a pesquisa e escrita. Mas só consegui lançar nesse ano.

 

Quanto tempo durou a pesquisa e como foi realizá-la?

 

Começo a contar a pesquisa a partir da primeira cartilha, em 2005. Logo, foram 8 anos de pesquisa e escrita. Me baseei em livros, artigos, documentários, palestras, eventos e nos próprios zines para chegar ao que eu concluí no livro.

 

Gosto muito de pesquisar, e pesquisar algo que estou intimamente ligado, é algo fascinante! Na última etapa da escrita, preferi deixar o projeto mais “na surdina”, pois quando você executa um projeto publicamente, a cobrança e expectativa das pessoas atrapalha muito na escrita. Senti isso bem forte durante a produção dos três capítulos do documentário e não quis que isso se repetisse.

 

O que você acha dos zines no Brasil?

 

É difícil você falar dos zines do Brasil, pois tem muita coisa espalhada e acontecendo. Mas atualmente vejo com ótimos olhos no que vem rolando. No momento, nas feiras que tenho frequentado, percebo que há uma certa “crise de identidade” entre o que é zine e o que é o que chamo de “zine de artista”. Creio que é um bom tópico a ser pesquisado para uma publicação. Mas estamos com muitos trabalho excelentes circulando. Vale a pena buscar!

 

Há muitos trabalhos do tipo?

 

Sim, tem muitos zines rolando. Só você ir em uma feira de publicações independentes para ver o tanto de coisas que estão rolando. Aí no Rio, deve rolar entre 10 e 12 de outubro a Mostra Grampo, que puder ir lá, vai perceber que tem muitos zines circulando, sempre com a qualidade acima da média.

 

Você também dirigiu uma série documental sobre o tema. Ela está disponível para compra ou em alguma mídia? Poderia comentar sobre a experiência de realizar essa produção?

 

Sim, o Fanzineiros do Século Passado foi uma consequência de minhas pesquisas para o livro O Universo Paralelo dos Zines. Percebi que não havia um documentário que falava essencialmente de zines no Brasil (bem depois descobri que existiam dois docs) e eu resolvi produzir um, pois havia lançado há pouco tempo um documentário com um amigo e ele tinha uma filmadora que me emprestou e eu fiz o resto.

 

Foram entrevistadas 82 pessoas para essa série, gente de todos os cantos do Brasil e alguns que moram no exterior. Contei com ajuda de alguns amigos para a captação de imagens, como Xan Braz e Michael Menezes. Além de pessoas que gravaram seus próprios depoimentos.

 

Os três capítulos foram lançados em edições do Ugra Zine Fest, o maior evento de zines de São Paulo.

 

A experiência de encontrar essas pessoas, conversas sobre como eram os zines, como estão e como serão, foi algo único! Tudo sem fins lucrativos, grana do meu bolso e a vontade de deixar um recado.

 

Saíram em versões em DVD, que já estão esgotadas e, por enquanto, não tem previsão de reprensagem. Porém, estão disponíveis na internet no meu canal: www.vimeo.com/marciosno e no YouTube.

 

Já produziu alguma zine?

 

Vários! Nos anos 90, publiquei o Aaah!!, Don’t Worry!!, Pleasure, Ejaculação Precoce, Lady Die! e colaborei para um monte. Entre 2005 e 2006 lancei duas edições do Arreia!, os “zines de artista”: Para Adoçar a Vida e Epígrafe. De junho pra cá lancei os zines: Zine Von (em parceria com Renato Donisete – Aviso Final zine), Coisinhas para Alegrar, Sampa tem Dessas Coisas, Quem Vê Caras não Vê o Resto, Las Chicas de BsAs e O Rock de Rosinei.

 

E ainda tenho algumas ideias de zines que, em breve, devem estar circulando por aí. Tenho que aproveitar enquanto minha criatividade está em boa fase!

 

O livro pode ser encontrado para compra diretamente com o autor, por pedidos por facebook ou e-mail (marciosno@gmail.com) ou na loja da Ugra Press, Microfonia, e em banquinhas de feiras de zines pelo país.

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