Magic Brasil: Entrevista com Willy Edel

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Já está rolando a votação para a classe de 2015 do Pro Tour Hall of Fame de Magic: The Gathering. Todo ano, jogadores que cumprem certos requerimentos tem a chance de entrar para esse seleto grupo através de votos. Para serem elegível no Hall of Fame 2015, o jogador precisa ter mais de 150 pro points, ter participado de seu primeiro Pro Tour há 10 anos ou mais, e não estar com o DCI suspenso ou sob investigação.

 

Ao entrar para o Hall da Fama, o jogador vai ser consagrado em uma uma exibição durante certos eventos e no site da própria Wizards of The Coast, empresa do jogo. Além disso, alguns benefícios como convite automático para os próximos Pro Tours, byes… E um anel muito legal, como esse:

 

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Quem vota? Um comitê selecionado pela Wizards, composto por personalidades importantes da história do jogo, juízes de alto nível, outros que já fazem parte do Hall da Fama e jogadores que tenham alcançado mais de 150 pro points. A avaliação é feita através de certos critérios. Para alguns, o que pesa mais são os resultados alcançados. Outros já avaliam mais as contribuições feitas para a continuidade e atitude do jogador. Você pode conferir todas as informações sobre o Pro Tour Hall of Fame aqui.

 

Geralmente, nós pobres mortais não temos direito a voto e só podemos acompanhar as discussões em torno do assunto. Porém, esse ano, eles introduziram o voto da comunidade. Ou seja, um voto do comitê é dedicado a todos os votos computados em uma votação online.

 

Até o dia 20 de julho, você pode escolher até 5 nomes e submeter o seu voto nesse link. Não precisa escolher os 5 nomes. Se você acha que apenas um ou dois merecem entrar para o Hall da Fama, então vote apenas neles.

 

No meio dos 40 nomes indicados esse ano, temos um brasileiro. Willy Edel possui quatro Top 8 em Pro Tours e já foi capitão da Seleção Brasileira no Mundial de Magic duas vezes. Confira a entrevista que o Mais QI Nerds fez com ele:

 

Quando e como você começou a Jogar Magic? 

 

Comecei em 1997, na época jogava RPG e estava numa destas convenções de jogos quando vi algumas pessoas jogando Magic. Até então achava que era um RPG com cartas mas depois vi que ao contrário do RPG que é completamente colaborativo focado na diversão acima de tudo, no magic vc joga para vencer – existe competição. Eu sempre fui muito competitivo e este era um aspecto que faltava no RPG para mim. Experimentei o magic e nunca mais parei.

 

 

Você se considera uma pessoa competitiva? Prefere perder o amigo ou a partida?

 

 Sou bastante competitivo mas com moderação. Vou treinar o máximo que puder para uma competição, estudar meus oponentes mas nunca agiria de má fé ou anti desportivamente para vencer um jogo.

 

 

Você chegou a largar seu emprego na Shell para jogar profissionalmente, certo? Como foi tomar essa decisão?

 

No início da minha carreira profissional eu tinha um emprego “normal” na Shell como analista de crédito e consegui conciliar com o Magic pelo menos para jogar os PTs 4x ao ano (tirava meus 30 dias de férias em 4 partes para poder competir) – não tinha como disputar muitos GPs o que me atrapalhava no Magic mas eu não ligava muito pois gostava do meu emprego. Então houve uma reformulação na minha área e um novo chefe chegou já dizendo que férias só poderiam ser tiradas 1x por ano. Neste mesma época eu era platinum no Magic e com premiações, patrocínios e jogando GPs eu ganharia mais no Magic que no emprego, então como tinha esse sonho de jogar algo realmente profissionalmente, não pensei duas vezes.

Meus pais ficaram bastante preocupados no início, para eles é um choque alguem largar uma carreira promissora e um emprego estável para jogar cartas, mas logo depois viram que eu tinha resultados e estava feliz e me apoiaram.

 

Como você se prepara para um torneio? Você segue alguma rotina?

 

Eu jogo magic todos os dias para manter “a forma”, praticamente apenas construído. Minha preparação específica sempre visa o próximo torneio e geralmente começa entre 2 a 4 semanas antes. Nesta época eu geralmente jogo pelo menos 10 horas por dia tentando descobrir cartas/estratégias novas que possam surpreender ou simplesmente para ajustar melhor um deck que já tenha escolhido.

 

 

Na sua opinião, quanto de sorte e quanto de habilidade envolve uma partida de Magic?

 

Diria que depende do deck, mas no escuro alguma coisa entra 30% sorte e 70% habilidade. Isso durante o jogo. Mas acredito que uma imensa parte do magic acontece antes do torneio quando vc escolhe seu deck, seu sideboard, o quanto está confortável com ele e até se vc está com a “cabeça boa” focado no magic.

 

Muita gente reconhece as suas contribuições para o Magic nacional, principalmente a forma como você acolhe jogadores que estão entrando no cenário competitivo. Além disso, ouvi pessoas que pensavam em desistir do jogo voltarem atrás só por conversarem cinco minutos com você. Como você se sente sendo fonte de apoio e inspiração para muitos jogadores? Imaginava isso quando começou?

 

Eu acho muito legal. Sinceramente não sei como começou e nem imaginava que fosse um dia ser reconhecido por isso. Talvez isso chame mais a atenção das pessoas porque nunca fiz alarde das coisas que fiz, não deixei de frequentar os lugares que sempre fui e nunca fiz nada disso pensando em dinheiro ou reconhecimento. Acho que naturalmente sempre tento ajudar as pessoas que realmente querem vencer em algo, seja no magic, na carreira profissional ou qualquer outra coisa – provavelmente tenho este instinto protetor porque fui um dos precursores brasileiros no magic competitivo e não tive apoio algum, quebrei a cara muitas vezes, passei por situações desagradáveis… então eu tento evitar que outras pessoas passem por isso também.

 

Você já foi reconhecido como jogador de Magic em algum lugar ou situação inusitada?

 

Já, uma vez voando para o Japão (para um PT) uma criança (japonesa) cruzou comigo no corredor e começou a gritar e agarrou minha perna. Eu não entendi absolutamente nada, quando os pais dele chegaram me disseram (com a tradução da aeromoça) que ele estava me segurando enquanto os chamava para tirar uma foto nossa juntos – ele jogava magic.

 

 

Você já foi capitão da seleção brasileira de Magic duas vezes seguidas. Na copa do mundo, teve alguma rivalidade ao estilo Brasil e Argentina?

 

Não tem nenhuma, na verdade os jogadores da América Latina são muito unidos e procuramos nos ajudar sempre. Curiosamente, nas 2 copas do mundo enfrentamos a Argentina (e vencemos as 2). 🙂

 

Existe algum lugar para o qual você viajou para competir que marcou mais? Qual a melhor lembrança que você carrega das suas viagens?

 

Na maioria das viagens eu conheço muito pouco além do centro de convenções, hotel e aeroporto. Por muito tempo as viagens eram 100% negócios e não me permitia fazer nada além de treinar para o evento.
Porém recentemente relaxei um pouco e quando é um lugar mais legal, tento ficar um pouco mais (depois do evento) para conhecer. O magic é incrível por isso, se nào fosse para jogar possivelmente nunca teria ido a Japão, Tailandia e tantos outros países.

Você é o CEO da Bazar de Bagdá, que começou como loja online e hoje possui duas filiais em São Paulo. Mas, tirando as cartas que tem na loja, você tem uma coleção só sua? Ou nunca foi de colecionar algum tipo específico de carta?
Sempre colecionei magic, mas sempre para jogar – o flavor do jogo não me atrai tanto. Quando abri a loja, usei minha coleção pessoal como estoque inicial e na época fiquei quase dois anos pedindo cartas emprestadas para competir (amigos são tudo). Depois que as coisas melhoraram, eu comecei a pegar para mim um playset de cada edição que lançava – mas ainda estou longe de ter tudo, principalmente para formatos mais antigos (modern por exemplo só tenho cartas – todas as possíveis – do Jund). ^^

 

 

Esse ano, você está concorrendo para entrar no Hall da Fama de Magic: The Gathering. O que significa para você fazer parte desse grupo? E quais são suas apostas para esse ano?

 

Acho que é o reconhecimento de uma carreira boa. Consegui bons resultados, conheci muitos países, fiz amigos e hoje minha vida gira 100% ao redor do magic (lojista, jogador, colecionador). Acho que acima de tudo serve como incentivo para outras pessoas do Brasil (e por que não América Latina) de que é possível ser bem sucedido jogando magic apesar de todos os problemas daqui.

 

Uma mensagem que você gostaria de deixar para os jogadores brasileiros que querem seguir essa carreira.

 

Nunca é tarde para começar –  eu tinha 26 anos quando joguei meu primeiro PT individual enquanto o PV já estava no HoF com 25. E acreditar sempre, os resultados não vão cair do céu mas se vc não parar de treinar/tentar e sempre procurar melhorar, os resultados vão chegar.

 

 

Cor favorita: Verde (e preto e vermelho)
Carta favorita: Bloodbraid Elf
Um livro: geralmente é o último que li que no caso foi “the Jefferson key” do Steve Berry
Uma série: Prison Break (RIP)
Hobbies fora do Magic: magic deixa pouca brecha para outros (em termos de tempo) mas gosto bastante de ir ao cinema ou qualquer programa com amigos.


#Games   ; ; ; ; ; ; ; ; ;


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