Entrevista: Diego Martins Ribeiro fala sobre a série Enoua

Um mundo fantástico e o início de uma jornada, é o que o escritor iniciante Diego Martins Ribeiro traz em “O Clã dos Quatro Guerreiros”, primeiro livro da série Enoua. A história foi trabalhada por anos até que finalmente o livro criou forma, sendo publicado pelo selo  “Talentos da Literatura Brasileira” da Editora Novo Século.

Em entrevista exclusiva ao MAIS QI NERDS, Diego falou sobre o processo de criação e o futuro da série Enoua. ”Já tenho uma boa quantidade de informações para os próximos três livros, mas não sei ao certo quantos serão. Talvez 7. Ou 8. Ou 10.”, disse o escritor.

Além de falar o que pensa sobre o mercado nacional para novos escritores, Diego dá dicas para aqueles que desejam conseguir ter o primeiro livro publicado. “Autores novatos são como um ponto de interrogação, pode-se esperar de tudo. Isso não tem a ver apenas com a qualidade da escrita […] há diversas formas de se publicar um livro – com uma grande editora ou de forma independente, por exemplo. Todas são válidas. Todas têm prós e contras. Todas podem dar certo ou errado.”, explicou Diego.

Diego Martins Ribeiro – O desejo nasceu na infância. Na época, eu não sabia ao certo qual era a denominação da carreira que eu queria seguir. Apenas dizia que queria ser como Mauricio de Sousa – o interesse pela leitura iniciou-se com os gibis. Com o tempo, fui aprendendo o que faz um cartunista, roteirista, escritor… E passei a ter a certeza de que é isso que amo fazer: criar histórias.

Como surgiu a ideia de “O Clã dos Quatro Guerreiros”?

Eu já vinha tentando escrever livros há anos, principalmente de fantasia. Quando a ideia para esse livro surgiu, eu estava em uma época um tanto “corrida” da minha vida, então acabei deixando a ideia ir amadurecendo lentamente. Foi por volta de 2010.Um ano depois, já tinha uma boa noção de como seria aquele mundo, os personagens, etc.

Eu quis criar um lugar onde praticamente qualquer coisa fosse possível, mas desde que contada de uma forma verossímil, compatível com as regras daquela realidade. E, sim, há muitas regras.

Enoua é esse mundo. E garanto que, no fim da história, o leitor irá compreender a forma que encontrei para encaixar todas as peças.

Ainda não há previsão. Espero que seja nos próximos dois anos. É tudo muito recente. O lançamento de “O Clã dos Quatro Guerreiros” aconteceu em dezembro de 2014.

Eu já sei o que acontecerá, de uma forma geral, no restante da série. Sei como será a última cena. Já tenho uma boa quantidade de informações para os próximos três livros, mas não sei ao certo quantos serão. Talvez 7. Ou 8. Ou 10.

O que podemos esperar de Enoua? 
Surpresas, mistérios, personagens realistas e, ao mesmo tempo, únicos, muita fantasia e aventura. Acredito que a série irá amadurecer a cada livro, assim como os personagens. “O Clã dos Quatro Guerreiros” é apenas o início de uma jornada muito maior.

Acredito que J. K. Rowling seja a principal. Mas não posso deixar de citar Mauricio de Sousa e Eva Furnari, que fizeram parte da minha infância. Admiro muitos outros autores, mas costumo ler apenas um livro ou série de cada autor, para poder ter contato com diversos estilos e gêneros – eu teria lido o quíntuplo de livros que já li, se tivesse tempo. Falando de outras influências, há também cartunistas, como Schulz e diretores de cinema como Tim Burton, Christopher Nolan, Tarantino, Steven Spielberg, etc.

J. K. Rowling é a escritora da atualidade que mais admiro. Já com relação ao meu livro favorito, gosto muito de “O caso dos dez negrinhos”, de Agatha Christie.

Eu costumo escrever toda e qualquer ideia que eu tenho em pedaços de papel, não importa onde eu esteja. Caso não possa fazê-lo, digito no celular. Depois “encaixo” essas ideias e começo a escrever o livro em si. Normalmente, antes de começar a escrever, crio uma espécie de “linha do tempo”, com os fatos principais que acontecerão no decorrer do livro.

A série Enoua vai tomar alguns anos de mim, se tudo der certo.Quando terminar, talvez eu tente outro gênero. Apesar de já ter um outro livro começado, também de fantasia.

É realmente bastante difícil. Existem diferentes maneiras de se publicar um livro. Mas quando você não tem “nome” no mercado, o leque de opções diminui. As editoras se sentem inseguras em publicar um autor que ainda não é conhecido e, portanto, não conquistou seus leitores. Autores novatos são como um ponto de interrogação, pode-se esperar de tudo. Isso não tem a ver apenas com a qualidade da escrita, pois, como sabemos, há autores que são muito criticados por críticos literários, mas que fazem muito sucesso entre os leitores.

O selo “Talentos da Literatura Brasileira” da Novo Século abre espaço para esses novos escritores, o que é algo bastante positivo. É uma possibilidade a mais, que já colocou no mercado nomes como Renata Ventura e Bento de Luca.

Primeira dica: Não se desespere. Como já disse, comecei a escrever diversos livros, que nunca terminei. E não o fiz por um motivo bem simples: ainda não tinham potencial.Coloque todas as ideias que for tendo no papel. Sempre.

Comece a escrever, e continue até chegar ao fim da história ou perceber que não vale a pena prosseguir.

Mas perceber que não vale a pena prosseguir não significa desistir por preguiça ou falta de estímulo, pois, esse tipo de coisa vai surgir, mesmo que você seja o novo Tolkien. Se acredita no potencial da sua história, seja perseverante.

“Escrever é a arte de cortar palavras”. Revise seu texto muitas e muitas vezes. Eu havia passado da página 100 do meu livro, quando decidi recomeçar a escrevê-lo. Comecei desde a primeira página, utilizando o mesmo enredo, mas partindo para uma técnica diferente.

Sua ideia é como um diamante a ser lapidado. Então, capriche. Depois de pronto, e de ter sido revisado por outras pessoas (não necessariamente profissionais), está na hora de registrar seu livro na Biblioteca Nacional e começar a procurar editoras – ou publicar de forma independente, como fez André Vianco inicialmente. Não preciso nem dizer sobre o sucesso que o autor está fazendo atualmente.

Como já disse, há diversas formas de se publicar um livro – com uma grande editora ou de forma independente, por exemplo. Todas são válidas. Todas têm prós e contras. Todas podem dar certo ou errado.  Escolha a que melhor se encaixa às suas possibilidades e desejos.

Há algum tempo os livros de fantasia estão cada vez mais populares. Principalmente jovens estão sendo “arrastados” ao mundo dos livros pelo genêro. Você acha que os jovens brasileiros estão mais interessados em livros? Por que?

Acho que há outros gêneros que tem crescido bastante com relação à popularidade no Brasil. As distopias e romances “quentes” tem feito bastante sucesso. Há público para todos os gêneros. Mas não sei dizer se os jovens brasileiros estão mais interessados em livros. Mas o que talvez tenha chamado a atenção de boa parte dos novos leitores, são os best sellers, principalmente quando dão origem a filmes, pois acabam ganhando notoriedade na mídia, ficando na “boca do povo”, e aguçando a curiosidade de todos, até mesmo daqueles que não têm costume de ler.

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