Entrevista: Douglas Duarte fala sobre os projetos do site Miaral

De uma ideia que surgiu ainda na faculdade, em meados de 2006, Rafael Geraldo junto com um grupo de estudantes do curso de Educação Artística da UNESP de Bauru criou o Miaral com o objetivo de expor em uma revista impressa, seus trabalhos e disponibilizá-los para os demais alunos do curso, porém, a revista não passou da primeira edição.
 

Douglas Duarte conheceu o projeto anos depois, no final de 2012, quando começou a trabalhar com Rafael como designer em uma empresa de educação e tecnologia de Bauru, em São Paulo. Por terem feito o mesmo curso na faculdade, acabaram tendo muita conversa em comum inclusive sobre HQs.
 

No inicio de 2014, decidiram que precisavam de um meio para expor seus trabalhos. Foi então que resolveram criar o site de HQs e contos e deram o nome de Miaral para homenagear os alunos do curso de Artes que participaram desta iniciativa em 2006 e, também pela sonoridade da palavra que remete ao sotaque caipira do interior.

Em uma entrevista exclusiva para o Mais QI Nerds, Douglas Duarte nos falam um pouco sobre a Miaral.

Como são selecionados os artistas que publicam suas HQs no site?
 

Ultimamente, esta tem sido uma das perguntas que mais temos respondido rsrs. Por enquanto, no Miaral, apenas alguns amigos publicaram seus trabalhos, já que o projeto é totalmente financiado por nós. Mas, estamos projetando uma nova estrutura para o site a fim de conseguirmos oferecer espaço para novos artistas e parceiros explorarem suas histórias (Quem tem interesse deve enviar um e-mail para miaral.comics@gmail.com).
 

Como foi que surgiu a oportunidade de participar da Artists Alley da Comic Con Experience e o que representou isso para vocês?
 

A experiência da Comic Con foi incrível, com certeza! Inicialmente, nos inscrevemos para a primeira chamada, mas infelizmente não fomos aceitos. Mesmo assim, continuamos nosso projeto do Miaral com algumas histórias e contos até o mês de Julho, mais ou menos. Após este período, por alguns motivos pessoais, eu (Douglas Duarte) dei um tempo nas minhas produções e o site ficou um pouco de lado. Em Outubro, veio o convite para participarmos da Comic Con como artistas independentes. Ficamos super felizes, animados e empolgados, mas ao mesmo tempo, pensamos que não teríamos tempo para finalizar as produções que até então estavam paradas e, mesmo que conseguíssemos, não tínhamos a grana para bancar as impressões e tal.
 

Com o apoio dos amigos e familiares, resolvemos encarar este desafio. Tínhamos vinte e cinco dias para concluir o projeto e levar as revistas impressas para o evento. O Rafael Geraldo finalizou o projeto dele com a história “Alma” e eu, resolvi produzir uma HQ nova, a “Ghost Shop”. Foi loucura, eram quase 24horas por dia de dedicação e deu certo! Divulgamos nosso projeto no site Catarse e conseguimos o financiamento para o material.
Conseguir expor nossos trabalhos no Artist Alley da Comic Con foi um sonho! Conhecemos pessoas muito interessantes, trocamos ideias com diversos artistas, conversamos com alguns fãs de quadrinhos e aqueles que simplesmente curtem uma boa arte.
 

Conseguimos vender todas as revistas que levamos para o evento, foi inacreditável! Mas, o principal objetivo era mesmo divulgar o nosso trabalho, receber críticas e nos relacionar melhor com o universo de produções de Hqs no Brasil. Foi muito gratificante!
 

Qual a história da “Miaral Safra Um”, onde pode ser encontrada para compra?
 

São duas histórias, “Alma” do Rafael Geraldo e Saulo China e “Ghost Shop”, produzida por mim, Douglas Duarte.
Na história Alma, nos deparamos com uma mistura de fantasia e mitologia. Neste universo, Alma é uma garota com um dom muito especial de se comunicar com os animais. Ela é pastora de um pequeno rebanho, e terá que enfrentar alguns lobos que estão de olho em suas ovelhas.

O trabalho do Rafa está excelente. Gosto de ressaltar a qualidade dos traços de seus desenhos, que lembram muito os quadrinhos da série Hellboy. Também gosto da maneira com que ele emprega sombras e cores com linhas geométricas.
 

Em Ghost Shop, eu utilizo a metalinguagem para contar o meu bloqueio criativo que sofri ao produzir esta HQ. Eu me coloco na história e discuto com os meus personagens, algumas ideias de como tornar possível a produção da história em quinze páginas.
 

O traço utilizado em Ghost Shop possui um aspecto mais realístico, na verdade eu tento tratar o desenho como um desenho mesmo, com manchas saltando a todo o momento. Esta característica vem da minha admiração pelas artes do game “Street fighter 4”.
 

Quais os próximos títulos que pretendem lançar impresso?
 

No momento, voltei a desenvolver as HQs “Stolas” e “9 meses”, mas com algumas mudanças nos roteiros e os traços mais refinados. Pretendo lançá-las impressas em breve. O Rafael Geraldo dará continuação a narrativa de “Alma”, e também, irá produzir uma HQ interessante sobre super heróis. Além disso, lançaremos algumas histórias mais curtas e que também poderão ser acompanhadas em breve no site.