Entrevista: Junior Cortizo e o futuro de ‘A Tribo’

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O Brasil tem super-heróis? SIM, nós temos! E A Tribo, de Junior Cortizo

, é um dos grupos que utilizam seus super poderes para proteger nosso país, de diversas ameaças.

 

Já imaginou presenciar uma perseguição em pleno centro de São Paulo? Bem, não precisa só imaginar, entre outros momentos de pura ação e humor, este é um dos que os leitores encontraram na segunda aventura da equipe, “Tick, Tick, Boom”, onde uma bomba é disputada pelas ruas de São Paulo pelos antagonistas Tiborg e Caçador e que culmina numa luta na ponte estaida, cartão postão recente da cidade.

 

Além de dar detalhes sobre a produção do segundo volume, o criador Junior Cortizo,  contou ainda sobre o futuro da HQ e para onde a próxima aventura levará os heróis.

 

 

– O que encontramos em A Tribo 2 ?

 

Apesar de ler quadrinhos há muito tempo eu sou relativamente novo no quesito produção, então eu faço histórias sem muita pretensão mas com a intenção de entreter. Fazer a pessoa ler um gibizinho rapidinho, dar umas risadas e de quebra ver como  personagens de ação e super heróis se comportariam aqui no Brasil. Tanto que a base da tribo é São Paulo então, pra quem for daqui, espere por achar pontos conhecidos da cidade e até nosso famoso e odiado trânsito onde ocorre uma eletrizante perseguição…por cima dos carros parados!!  Misturo muito do que gosto ( e que muita gente também curte! ) que é ação e humor. Os personagens mesmo às vezes fazem colocações bem humoradas sobre a situação absurda em que se encontram. A minha ideia é um quadrinho que dê pra ler sem conhecimento prévio e se possível criar algum interesse pelos personagens pois embora as revistas tenham hqs que se encerram, elas na verdade fazem parte de algo muito mais amplo e que espero poder dar continuidade no futuro. Como digo eu estava devendo uma atenção maior a essas minhas crias e agora que eles sairam da gaveta o pessoal pode esperar ainda mais insanidade pelas ruas de SP.

 

 

– Sendo você que faz tanto o roteiro quanto a arte, demorou quanto tempo para a HQ ficar pronta e como foi o processo de criação?

 

Meu processo é bem mais longo do que eu gostaria já que como, a maioria dos quadrinhistas nacionais, tenho uma outra profissão para pagar  as contas e mesmo sendo a de ilustrador ainda me sobra pouco tempo pra fazer tudo. A revista A Tribo 2, que tem 44 páginas coloridas, levei mais de um ano pra concluir pois realmente tive de fazer desde o roteiro até a arte e o café! Não é o processo mais sábio mas era o que eu podia fazer se quisesse o gibi pronto.

 

Sobre o método, bom assim que tenho a ideia eu rascunho as páginas no meu caderninho, anoto coisas que quero colocar, rabisco os personagens pra ir me acostumando à eles. Conforme vou desenhando eu mudo acrescentando ou retirando cenas que são mais ou menos importantes para que a revista também fique dentro do número de páginas que quero. Pra mim é muito difícil mas tento também definir um fim para a história para que o leitor não precise necessariamente comprar o próximo ou a anterior mas penso em ganchos afim de criar interesse para a história seguinte.

 

Desenhar é o que eu mais gosto e que gasto mais tempo. Rascunho tanto no papel como no computador e uso o que me favorecer pra ter um resultado legal. Procuro aí as referências que nessa edição são quase que basicamente da Avenida Paulista e a ponte estaiada na marginal. Também vejo carros, motos e prédios pra dar uma enriquecida. Levo cerca de um dia pra desenhar cada página.

 

Tudo pronto começo a colorir tudo digitalmente usando photoshop e uma tablet. Me perco um pouco pra definir o tom que quero pra hq mas depois de apanhar muito, me convenço de que está legal e sigo em frente. Aí, é partir para os textos, revisão ( que na primeira faltou e peço desculpas mas foi a correria! ) e a diagramação é a última etapa antes da gráfica. Aí é só rezar pros quatro ventos pra tudo dar certo!

 

– A história acontece em São Paulo, você acha interessante esta questão de trazer a narrativa para próximo do público por conta da ambientação?

 

Os personagens, tantos os meus quanto os do Tony, foram pensados para existirem no Brasil mesmo. Eles tem essa capacidade super humana muito características das hqs americanas e como essa é minha base de leitura sempre quis ver como eles agiriam aqui onde entre nossos piores inimigos estão os queridos (sqn) políticos. Por isso eles aparecem em todas as hqs e tem alguma relevância além de geralmente um fim trágico… Faço mesmo pensando no público brasileiro que pode sim identificar um prédio local, uma avenida, um carro ou mesmo uma gíria que usamos aqui no país. Isso eu acredito que aproxima sim o leitor dos personagens. Não é nada novo, tem muito quadrinho nacional com a cidade onde o autor vive como pano de fundo e acho bem natural retratar isso na verdade.

 

– A Tribo já passou por SP e RIO ( em A Tribo, Perseu & Aline – Carrapato). Podemos esperar por outras histórias em outras partes do país?

 

Perseu e Aline são do Rio e a Tribo acabou fazendo uma visita à cidade maravilhosa bem por acaso. Quer dizer, a gente forçou o universo para que as coincidências acontecessem com os personagesn certos para justificar esse nosso crossover. E achei legal pacas poder desenhar uma favela e inserir a Tribo ali. É um mundo bem rico e embora pareça clichê a gente quis fazer esse contraste da praia que o turista visita e a comunidade que tem seus problemas mas pra quem mora é um lugar que não trocaria por nada.

 

Acho que o Brasil é um lugar incrível de ser retratado sob a visão de qualquer gênero de quadrinhos e alguns lugares bem óbvios com a Amazônia vão ser sim retratados em algum momento assim como outras regiões do país. Aliás, já planejo para a Tribo 3 uma história onde vilão do grupo vai ao Maranhão…
Agora eu espero ter tempo pra poder relatar essa aventura.

 


#Quadrinhos  


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