Roguemance: criador conta sobre jogo nacional com tema relacionamento

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O desenvolvedor de 27 anos e morador de Porto Alegre, Lucas Molina, é apaixonado por jogos desde pequeno. Apesar de sua carreira ter se distanciado um pouco desse universo, ele não abandonou o mundo dos games. Seu primeiro projeto, Avant-Garde, surgiu durante uma tarefa de mestrado e ganhou reconhecimento na internet. Em seguida, Lucas também desenvolveu Eastward QuestPainters Guild.

 

O novo projeto do rapaz se chama Roguemance e traz uma interpretação dele sobre relacionamentos. Batalhas, inimigos como dinheiro e ciúmes, além de traição e rompimento são alguns do elementos apresentados ao jogador. Todo tipo de amor será permitido.

 

Confira nossa entrevista com Lucas Molina e conheça mais sobre seu trabalho e o novo game, com previsão de lançamento para 2018.

 

Roguemance respeita relacionamentos entre diferentes gêneros e orientações sexuais.

 

1. Nos conte um pouco sobre você. Quais são suas experiências com jogos?

 

Minha experiência com jogos começou quando eu era criança, meus pais compraram um Master System que vinha com o jogo Alex Kidd. Eu ainda nem sabia falar direito, lembro de chamar o helicóptero de “lebitoco”, mas aquilo me encantou.

 

Depois teve o Super Nintendo e o PC. No computador, eu curtia jogos com editores de mapa: Age of Empires II, WarCraft 3, Neverwinter Nights. Na adolescência, me divertia fazendo mapas e modificações com esses editores. Também comecei projetos no RPGMaker, mas nunca terminei nada.

 

Acabei indo estudar História e me distanciei um pouco da criação de jogos, mas comecei a me dedicar à pintura digital, praticando umas 4h por dia após as aulas da faculdade. Eu sempre gostei de desenhar e queria aprender a pintar direito. Melhorei bastante e aprendi também sobre autodisciplina, já que me forçava a ficar horas praticando.

 

Comecei a fazer jogos durante o mestrado em História. A tarefa final de uma disciplina era “tornar a história pública de maneira criativa”, então uni as minhas paixões por história, arte e jogos em um projeto: Avant-Garde, um jogo sobre história da arte. Nele, o jogador é um artista na Paris do século XIX, e conhece grandes pintores como Manet e Bouguereau, além de pintar seus próprios quadros. Era um projeto estudantil, colocado de graça na internet. No meio disso, o movimento de jogos indie estava se consolidando e o Avant-Garde conseguiu um destaque inesperado na mídia especializada em jogos, saiu nos sites RockPaperShotgun e na revista PC Gamer.

 

Me tornei professor de História, mas segui produzindo jogos em “game jams”, competições para fazer jogos em pouco tempo e com um tema delimitado. O legal é que você tem a experiência inteira de produzir um jogo apenas um fim de semana, inclusive as dificuldades de terminar e a alegria de lançar. É viciante. Fiz jogos web depois disso buscando aprimorar minhas habilidades. Esses jogos eram de graça, queria ver se eu conseguia fazer bons jogos que muitas pessoas jogassem. Foi o caso do Eastward Quest, que teve meio milhão de exibições em diversos portais de jogos.

 

Meu projeto maior foi Painters Guild, lançado no Steam no final de 2015. É um simulador de uma academia de pintores no Renascimento Italiano. Foi finalista em narrativa no SBGames do ano seguinte. Além de ser um jogo que unia minhas paixões, era uma tentativa de criar um projeto comercialmente viável. Funcionou, e larguei meu emprego de professor de História. Agora estou me dedicando a jogos, faço jogos que quero jogar, projetos que me emocionam. Além disso, estou organizando uma comunidade de desenvolvedores de jogos em Porto Alegre, o PAIN. Fazemos encontros todos os meses, com presença de até 50 pessoas por evento, e trocamos experiências e feedback. Em meus jogos, porém, sigo desenvolvendo sozinho.

 

Os inimigos disponíveis são representações de questões que causam conflito entre casais.

 

2. Como surgiu a proposta de Roguemance?

 

A ideia do Roguemance surgiu do nada, como qualquer boa ideia. Há tempos eu tinha notado como quase todas as músicas são românticas, e jogos não. Parece que jogos tem uma linguagem própria que se expressa através da violência. Não estou condenando jogos violentos, é só um fato: a grande maioria dos jogos é sobre matar, atirar, desviar, correr, bater, destruir. As músicas são sobre amor. Acho que existe um bom motivo para isso: o desenvolvedor Chris Crawford argumenta que a natureza espacial dos jogos, seja 2D ou 3D, leva à essa utilização de contato físico como maneira de expressão.

 

Por muito tempo eu tentei repudiar essa característica violenta dos jogos e buscar algo diferente, como muita gente também está tentando. Mas, no Roguemance, decidi usar ela ao meu favor. O game usa a violência dos jogos para falar de amor. Para definir o funcionamento do jogo, uso minhas experiências com relacionamentos amorosos. Não quero fazer um jogo igual aos outros só que com corações e flores. Quero expressar verdades sobre amor e relacionamentos, coisas que eu não consigo dizer em palavras mas que posso através da linguagem do jogo.

 

3. O que podemos esperar do jogo? E como ele irá funcionar?

 

O Roguemance será uma aventura no mundo do amor, com todos os perigos que aventuras (e amores) têm. O jogador ou jogadora vai conhecer personagens e desenvolver relacionamentos, encontrando também o lado ruim do amor: ciúmes, términos, traição.

 

Acontece uma catástrofe no mundo do jogo e surge conflito em uma ilha onde até então só existia amor. O arquipélago tem formato de coração, e se parte ao meio em um terremoto. O jogador explora esse mundo para unir novamente a ilha, e encontra diversos inimigos. Esses inimigos representam problemas que surgem em relacionamentos, como amantes, manipulação e desrespeito. Cada combate é um encontro, o jogador tem que se adaptar ao seu parceiro e acaba aprendendo mais sobre ele ou ela. Roguemance vai ser inclusivo e respeitar relacionamentos entre diferentes gêneros e orientações sexuais.

 

4. Quando será o lançamento e para quais plataformas?

 

O lançamento será no Valentine’s Day (14 de Fevereiro) de 2018. Roguemance deve ser lançado no Steam para Windows e talvez Mac e Linux. Posteriormente, outras plataformas também são possíveis.

 

 

ROGUEMANCE: SITE / FACEBOOK

 


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