Resenha: “Querubins – A Balança do Coração”, de Martha Ricas

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Ao lermos o segundo volume de uma série, podemos ficar temerosos quanto a qualidade ser equivalente ao primeiro, e isto certamente não é problema em “Querubins – A Balança do Coração”. Martha Ricas consegue novamente apresentar uma história esplêndida, com personagens bem construídos e narrativa empolgante, mas, em contrapartida, bem diferente da primeira.

 

Isto acontece principalmente pela protagonista, a querubim Ashira, que dá ao enredo um tom diferente ao apresentado no primeiro volume, com a forte e determinada querubim Chaya. É importante ressaltar que “A Balança do Coração”, apesar de ser o segundo volume da série, não apresenta a sequência da primeira história, onde Ashira aparece como uma personagem secundária.

 

 

A personalidade de Ashira é bem diferente de Chaya. Com seu ar complacente, a Canção Cortante é mais ponderada, bondosa e resiliente, principalmente em seu trato com os humanos. Sua doçura e ingenuidade acabam por interferir em suas relações e, consequentemente, isso reflete em sua missão, que acaba por ganhar um significado mais pessoal, sendo um desafio para demonstrar sua coragem e determinação como uma verdadeira guerreira.

 

A missão da Querubim a princípio não é muito clara e é revelada ao decorrer da história. Ashira é enviada para Florença, em plena Itália renascentista, para trabalhar disfarçada como dama de companhia de Graziella di Médici, herdeira dos implacáveis governantes do local. Lá, ela encontra Lucca Amato, um jovem pintor que se encanta pela querubim e parece ter uma forte ligação com sua missão. O rapaz apresenta o segundo ponto de vista da narrativa, sempre alternando entre as perspectivas dele e de Ashira – ambos narrados em primeira pessoa – o que acaba por nos dar uma dimensão maior dos acontecimentos e consequências dos desdobramentos da história.

 

 

A autora não se precipita em acelerar a histórias. Os acontecimentos tem o seu tempo de acontecer, sempre orientados pela escrita objetiva e detalhada de Ricas. As reviravoltas e clímax são favorecidos por esse cuidado na narrativa. Ela é tão sólida e completa, que ao final da última página não há justificativa para algum impulso do leitor a pensar nela de outra forma da apresentada. Podemos observar ainda que o cenário de uma história não é mero detalhe para Martha Ricas, e, assim como ocorreu em “Querubins – A Sentença da Espada”, é muito bem pensado e parte integrante da narrativa.

 

Poderia falar que este é um livro perfeito para quem gosta de histórias com personagens femininas fortes, mas o mais acertado é indicá-lo para quem aprecia personagens extremamente críveis e realistas, apesar de estarmos muitas vezes falando de criaturas fantásticas. Só nos resta aguardar a próxima obra – desta vez protagonizada pelo querubim Salatiel – com grandes expectativas e curiosidade! 

 

 

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