Resenha: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

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É um mergulho intenso em nós mesmos, em uma sociedade aparentemente comum que de repente começa a enfrentar dificuldades nunca antes imaginadas. Como é difícil conviver com algo que foge ao nosso controle e pouco  notávamos ser tão essencial. O livro ‘Ensaio sobre a Cegueira’, de José Saramago é uma profunda concepção  de como o homem moderno se coloca diante das questões mais importantes de sua vida,  anseios e divergências, convicções e  questionamentos. São signos e símbolos expressos em todas as páginas que dimensionam seus conflitos pessoais em conjunto com a ordem potencializadora do universo.

 

O Romance também apresenta uma crítica acerca do que realmente enxergamos como precioso. Sem dúvidas é uma narrativa forte e envolvente com destaque para a figura feminina, apresentada no enredo do livro como a única entre todos que fica com a visão intacta. Ela se torna o centro das atenções, combalida por participar e envolver toda a teia que agrupa aquelas pessoas num mesmo drama: a perda da visão, sem causa aparente e instantaneamente. O verbo sentir ganha outro aspecto com densidade intensa. Sentir a vida, vontades, desejos e transcende a expectativa que antes de era somente enxergar, e agora com a traumática experiência: é sentir.

 

Os personagens transpõem uma tumultuada atmosfera de sentimentos desde a repulsa, dor, angústia, compaixão até o retrato da degradação humana, antes tão preocupadas com afazeres diários ininterruptos, e agora procurando um modo racional de reaver a visão. Por um despertar de um novo dia que traga com ele esperança, recomeço, oportunidade de enxergar novamente. Com o balanço de toda a vivência daquela situação extremamente desgastante e nesse momento nasce a regeneração da superação.

 

As páginas inquietantes e sagazes do livro foram parar nas telonas. Com um recorte sintético da obra, o filme no cinema foi estrelado por: Mark Ruffalo e Julianne Moore, com a direção do brasileiro Fernando Meireles. O principal conceito das duas obras  e nos fazer repensar a verdadeira visão que habita em nós. A evidência maior talvez esteja no que demais importantes temos e por algumas vezes não é notado ou apreciado. Muitos poetas e cronistas falam do ‘olhar verdadeiro sobre a vida ou como realmente enxergamos o mundo a nossa volta’.

 

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Talvez não exista uma fórmula básica para todos, porém a densidade, verdade e a essência contidas no coração e dignificadas pelo olhar seja a maior convicção de enxergar a vida de modo singular, profundo e repleto de sentimentos alheios a beleza dessa jornada. Uma obra espetacular espera por você pelas tênues e geniais linhas de José Saramago.


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