Entrevista: Felipe Cagno fala sobre carreira e projetos

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“The Lost Kids” é uma HQ que conta a história de cinco adolescentes que são misteriosamente transportados para um fantástico mundo.“321: Fast Comics” apresenta diversas histórias seguindo o mesmo modelo, 3 Páginas, 2 Personagens e 1 Final Surpreendente. O que as duas produções tem em comum? Além de campanhas de financiamento coletivo muito bem-sucedidas, a cabeça por trás delas: o cineasta, roteirista e escritor Felipe Cagno.

 

 

 

E ele não para: acaba de anunciar que “The Lost Kids: Seeking Samarkand” está disponível na plataforma de quadrinhos digitais Tapastic, gratuitamente, em inglês e português.  Assim como o primeiro volume de  “321: Fast Comics”, obra com a qual conseguiu o Troféu Ângelo Agostini de “Melhor Roteirista de 2014”.

 

 

O segundo volume da série chega às livrarias no final de setembro. O projeto de financiamento coletivo atingiu a meta de R$30mil e ainda todas as metas estendidas, conseguindo o montante de R$51.870, com 810 apoiadores. Cagno atribuí o sucesso de seus projetos de financiamento a muito planejamento: “O financiamento coletivo é um trabalho árduo, além da qualidade do próprio produto que você quer financiar, é preciso também ter um bom planejamento de mídias sociais e outras formas de divulgação”, disse.

 

 

Além do seu trabalho com quadrinhos, Cagno falou sobre a sua carreira de diretor e seu filme “Bala Sem Nome”. E ainda deu sua opinião sobre o mercado cinematográfico nacional.

 

 

 

Conte um pouco sobre você e os trabalhos produzidos até o momento?

 

 

Tenho formação em Cinema e sempre trabalhei na área, em especial com desenvolvimento de roteiros. Além de estar em pós-produção do meu longa-metragem “Bala Sem Nome” com a Paolla Oliveira e Sérgio Marone, eu também já lancei três livros em quadrinhos. O “Lost Kids”, uma adaptação de um roteiro cinematográfico que resultou em uma bela edição de luxo com 300 páginas e capa dura, e os dois volumes da série “321: Fast Comics”.

 

 

Como surgiu a ideia da estrutura de “3,2,1 Fast Comics”?

 

 

Quando fiz Mestrado em Cinema lá fora, todos os alunos tinha que produzir um curta-metragem ao final do primeiro ano de curso, era um exercício de câmera chamado “321”, eram três páginas de roteiro, dois personagens e uma locação.

 

 

Como nos quadrinhos locações não são problemas, você pode ir de Marte a Plutão ou da Terra à Nárnia com meros dois quadros, quebrei a cabeça para pensar o que seria o meu “1”. Para me desafiar como roteirista, pensei que seria bacana tentar acabar as histórias sempre com uma surpresa.

 

 

É assim surgiu a estrutura…

 

 

Como foi feita a seleção dos artistas que participariam dos livros, tanto do primeiro, como do segundo?

 

 

Através do meu gosto editorial mesmo, sempre acompanho e fico de olho no trabalho dos artistas que produzem quadrinhos no Brasil. O mais importante no entanto é ter um estilo único e ter feito páginas sequenciais. Não adianta muito um artista ter um portfólio incrível só de pôsteres, fan-art, etc.

 

 

Tem que ter ilustrado histórias em quadrinhos e saber contar uma boa história.

 

 

Qual é a previsão de lançamento em livrarias do segundo volume? O primeiro também poderá ser encontrado nestes locais para compra?

 

 

A previsão de lançamento em livrarias é para final de Setembro, começo de Outubro. Iremos coordenar este lançamento assim que os apoiadores do Catarse receberem suas edições primeiro, essa é a vantagem de apoiar no Catarse, além de receber primeiro, o apoiador também ganha itens e brindes exclusivos.

 

 

O primeiro só pode ser comprado na loja Comix ou na página oficial do Facebook.

 

 

Haverá eventos de lançamento? Já tem algum agendado?

 

 

Sim, sim, eu estarei no FIQ e na CCXP além da Santos Comic Con que acontece em Outubro. Teremos também um lançamento especial em São Paulo ainda a ser marcado.

 

Como surgiu a ideia de realizar um concurso para dar oportunidade para um artista entrar no projeto?

 

Quando eu estava produzindo o Lost Kids dentro do site DeviantArt, vi que vários concursos de artes serviam para aquecer a comunidade e estimular a produção do pessoal. Resolvi organizar um deles e deu super certo, depois fiz mais um, dessa vez com prêmios melhores para escolher três capas para a minissérie.

 

 

Foi natural voltar a ter algo parecido e o próprio pessoal do DeviantArt incentivou bastante.

 

 

Não apenas “3,2,1 Fast Comics”, como seu trabalho anterior “Lost Kids” tiveram campanhas bem sucedidas. Ao que você atribui o sucesso dos seus projetos de financiamento coletivo?

 

 

Muito, mas muito planejamento. O financiamento coletivo é um trabalho árduo, além da qualidade do próprio produto que você quer financiar, é preciso também ter um bom planejamento de mídias sociais e outras formas de divulgação.

 

 

Vivo dizendo que não basta montar um projeto qualquer e jogar no Catarse ou outro site, tem que dar uma atenção constante e especial além de estabelecer metas realistas. E a dica mais importante é encarar o financiamento coletivo como ferramenta para lançar algum produto e não como forma de ganhar dinheiro.

 

 

Além de roteirista de quadrinhos, você dirigiu o longa “Bala Sem Nome”. Gostaria primeiramente saber a quanto anda a produção e se tem data de estreia. Qual é a história do longa?

 

 

O “Bala Sem Nome” está atualmente em pós-produção e infelizmente sem uma data de estreia ainda. O filme é um thriller onde um casal acorda em um cativeiro sendo pressionado por dois seqüestradores a devolverem um suposto dinheiro que desapareceu. Ninguém é quem parece ser na história e todos são suspeitos pelo sumiço do dinheiro, tanto as vítimas do sequestro quanto os seqüestradores em si, é um verdadeiro jogo de gato-e-rato.

 

Pensando no seu trabalho com cinema, o que você acha sobre a produção de filmes nacionais?

 

 

A produção está em alta, o Brasil produz cada vez mais filmes, mas isso não significa um salto de qualidade. Já faz alguns anos que tivemos o Tropa de Elite 2 e até agora não surgiu nenhum filme à altura dele em termos de qualidade.

 

 

É uma pena também constatar que o público brasileiro só vai aos cinemas assistir às comédias do Leandro Hassum, Porchat e cia, precisamos de maior diversidade dentro do cinema, mas enquanto não for rentável lançar filmes diferentes, vamos continuar apenas com boas comédias por aí…

 

 

Qual área é mais difícil de trabalhar no Brasil, quadrinhos ou cinema? Qual considera a mais gratificante?

 

 

De longe é cinema. É uma mídia cara e com pouquíssimo investimento no país com infraestrutura quase zero de distribuição. Mesmo que os quadrinhos também sofram com distribuição, pelo menos existem outras maneiras além de leis de incentivo para bancar a produção nacional.

 

 

Quadrinho hoje é muito mais gratificante, pelo público que está sendo formado e pelas ferramentas disponíveis para lançar de forma constante novas HQs.

 

 

Quais são os quadrinhos e filmes que você lê, assiste e admira hoje em dia?

 

 

Tenho gostado demais de Vampiro Americano do Scott Snyder e do Rafael Albuquerque, e a série East of West da Image é sensacional, li recentemente também o Klaus do amigo Felipe Nunes e a narrativa me impressionou bastante, é um excelente exemplo do nível dos quadrinhos nacionais e como ele tem subido a passos largos.

 

 

Filmes eu assisto muitos, vou ao cinema toda semana sem falta e meu Netflix está sempre com algo bacana na TV. Mesmo que eu tenha me decepcionado um pouquinho com os filmes da Marvel este ano, ainda assim é um universo que me empolga sempre quando lança novidades. Estou ansioso também pela temporada do Oscar este ano, acho que teremos filmes fantásticos como The Martian do Ridley Scott e o novo do Tarantino, The Hateful Eight.

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi divulgado o trai


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